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Mehboob Nadeem, Mitel Purohit
“Existe um vínculo histórico indiscutível entre Beethoven e a cultura indiana. Em sua busca por compreender as profundezas dessa cultura e cativado pela tradução dos Upanishads (textos sagrados do hinduísmo) que haviam sido publicados na Alemanha em 1816, Beethoven mergulhou de corpo e alma nesses textos antigos, da mesma forma que Schopenhauer e Goethe, seus contemporâneos. Vemos aqui um Beethoven místico examinando o Homem e o cosmos e especialmente curioso sobre outras culturas. Em “Cosmos” a pianista Shani Diluka mistura a partitura original das sonatas 'Moonlight', op.27 no.2, e 'Appassionata'. , op.57 com a tabla e o sitar indiano. “A escolha por estas duas sonatas foi proposital e reflete sua proximidade existencial de um lado, com o testamento de Heiligenstadt, no qual Beethoven confronta a idéia da morte com a da beleza, que redime e exalta; e, por outro, aos elementos ligados à natureza e ao ritmo do tempo, refletindo a relação das ragas com as dimensões terrenas e celestes", explica Shani.
“Eu acho que Beethoven, com sua deficiência, por ser surdo, realmente entrou em áreas invisíveis que ninguém conseguiria entrar. E ele tocou em algo que estava realmente entre as notas e eu encontro a mesma magia no sitar e na música indiana. Essa é uma bela metáfora sobre como criar amizade e fraternidade entre culturas, que me lembra, é claro, Yehudi Menuhin e Ravi Shankar que já exploraram este diálogo, mas com a descoberta de Beethoven deste texto do Upanishad, existe um real significado em fazer esse diálogo entre Ragas e sonatas”, diz Shani.
Nascida em Mônaco de pais originários do Sri Lanka, Shani Diluka foi descoberta aos seis anos de idade no programa inicado pela Princesa Grace de Mônaco para jovens talentos excepcionais. Shani estudou no Conservatório de Paris e ganhou o primeiro prêmio por unanimidade do juri. Em seguida entrou para a prestigiosa Lake Como International Piano Academy, presidida por Martha Argerich, antes de começar uma carreira internacional que a levou a se apresentar por todas as partes do mundo.
Shani gravou vários álbuns, muitos dos quais ganharam prêmios, e participou de uma variedade de programas de televisão, cultivando uma carreira multifacetada que também a levou a colaborar com atores como Gérard Depardieu e Sophie Marceau. A comunicação sendo um de seus objetivos principais, publicou recentemente uma coleção de poemas e vários conjuntos de livros e CDs para crianças. Um documentário dedicado a ela será lançado pelo grande diretor Mark Kidel.
Shani Diluka, pianista e talento reconhecido, forma uma conexão entre o Oriente e o Ocidente e representa uma visão inovadora da música clássica, enquanto continua a herança que lhe foi passada por grandes ícones como Leon Fleisher, Menahem Pressler, Valentin Erben do Alban Berg Quartett e Elisabeth Leonskaja.
"Uma das melhores de sua geração" (Piano Magazine)